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segunda-feira, 21 de junho de 2010

Copa do mundo na Africa!

Quando ficou decidido que a Copa de 2010 seria na África do Sul, não houve festa, comemoração entre os jornalistas brasileiros.
Por um motivo simples:  a falta de infraestrutura do país.
Cobrir uma Copa do Mundo é um grande privilégio.
Acompanhar in loco a competição esportiva que mais desperta interesse no planeta é o ápice da carreira de todo jornalista esportivo.
Quer seja ele chinês, alemão, argentino.
A Fifa quando escolhe uma sede para a disputa da Copa leva em consideração seus interesses.
E eles não são nobres como divulga.
O que ela pretende não é o desenvolvimento do esporte do país, apesar de ser este o discurso.
O que ela quer é atender sua vontade desenfreada de crescer financeiramente.
Ganhar muito dinheiro, o máximo que puder.
Com construção de estádios, transmissão pela tevê, patrocinadores exclusivos que injetam bilhões de euros.
Até fabricantes de cerveja.
E fazer alianças cada vez mais poderosas nos continentes.
Tudo isso garante à entidade o domínio do maior esporte do planeta.
Por isso as Copas acontecem onde a Fifa precisa expandir seu poder e lucrar mais.
Desde João Havelange, a postura da entidade mudou.
A ingenuidade foi embora.
O capitalismo selvagem a domina.
Agora, apenas chegou ao máximo.
E essa fome de lucro e poder atinge a todos.
Isso explica a falta de comemoração dos jornalistas quando foi definida a África do Sul como sede da Copa de 2010.
A explicação precisa ser pessoal, para ser entendida.
Vou cobrir a minha quinta Copa do Mundo consecutiva.
São vinte anos acompanhando a elite do futebol.
O que as outras quatro, Estados Unidos, França, Japão e Alemanha tiveram em comum?
Infraestrutura.
Segurança.
Tranquilidade para trabalhar.
A certeza do deslocamento no país sem problemas.
Não há um jornalista que vá tranqüilo para a África.
As recomendações são inquietantes.
Para o repórter e, principalmente, para sua família.
É preciso tomar vacina contra febre amarela, contra o tétano, contra a hepatite.
Seria recomendável escovar os dentes com água mineral.
Tomar banho de boca fechada.
Só sair às ruas em grupo.
Não ir a cinema, supermercados, lojas sem duas outras pessoas.
O índice de sequestro, de mortes é altíssimo na África.
Às mulheres que estão indo ao Mundial é recomendável não sorrir aos homens africanos.
O índice de estupros também é inacreditável.
Assim como a Aids.
Por trás do exagero há sim uma grande preocupação.
O pais é pobre, está em desenvolvimento.
O planejamento de deslocamento das sedes da Copa é tenso, por causa da violência.
Tudo isso não é culpa dos africanos.
Tal qual como no Brasil, um país de Terceiro Mundo tem gravíssimos problemas.
Desigualdade social.
Se a Seleção de Dunga chegar à final da Copa, os jornalistas brasileiros ficarão no mínimo, entre preparação e decisão do Mundial, 47 dias.
O sistema de telecomunicação no país ainda é precário.
Não há serviço regular de táxis.
Em vez de hotéis, a preferência das grandes equipes de jornalistas é para ficar em condomínios, mais seguros.
As estradas são perigosas.
Assim como aconteceu no Panamericano, o exército africano estará nas ruas para tentar proteger o turista.
Na teoria, tudo é maravilhoso.
A Fifa pega um país pobre e promove a Copa do Mundo lá.
Movimenta bilhões de dólares e desenvolve um crescimento forçado.
Não pensa no que deixa para trás.
Ou quem jogará depois que a Copa acabar nas arenas milionárias que serão construídas em Manaus, Natal e outras tantas espalhadas pelo Brasil em 2014?
Antes de serem construídas já são consideradas ‘elefantes brancos’.
A  preocupação da Fifa é vender o próximo Mundial.
E para que isso aconteça, muitas pessoas ‘sem grande importância’, como os jornalistas do mundo todo,  são expostas.
Mas é apenas o novo preço para estar em uma Copa do Mundo.
O preço do capitalismo.
Quanto mais pobre o país, maior o lucro.
O resto…
É apenas o resto..

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